Não sei se quero ser amada por alguém que saiba tudo sobre mim e ainda assim me ame, ou se quero ser outra pessoa para que alguém me ame. Alguém para quem eu possa parecer uma página em branco, para ser escrita (...) para reescrever.
Não sei o que sou ou quem eu sou, meus desejos me culpam tal qual meu passado, por quê? Porque eu não sou agora quem eu fui há cinco minutos, porém não consigo mudar as cicatrizes que adquiri ao longo da vida, porque não sei perdoar... – Perdoar quem? Perdoar a quem me magoou ou perdoar a mim que deixe-me ser.
Eu quero tanto um amor, quero tanto que alguém me descubra que todo dia me frustro me frustro por que não posso apagar o que se foi e também me sinto incapaz de reinventar sozinha, como se eu fosse dependente de um não sei quem, não sei o que.
Moro dentro de mim e não sei onde estou eu não sou mim e mim não é eu, eu não sou nada e sou tudo. Como querer um sentimento verdadeiro se eu não sei onde eu estou escondida agora? –Alguém! Me ache! Mas me ache rápido, antes que eu seja consumida pelo que não sou, antes que de tanta fome eu me queira comer pela minha alma...
Nem sei se mereço o amor. Mas o que todos dizem, o que os poetas escrevem, não é que todos merecemos ser amados? Olho inquieta para a vida passando diante dos meus olhos, meu corpo já sente o peso do tempo, meu rosto já apresenta uma expressão “vivida” e ainda assim eu sou currada pelo que... Sei lá pelo que... Quando acordo um pedaço de pureza que ainda existia já se foi, mas continuo sonhando.
Não choro mais, sequei, sequei a dependência de lágrimas, como se chorar fosse um vicio, eu me livrei dele. Não choro, não porque não doa; acho que dói mais porque não choro, dói muito mais sorrir, colocar no meu rosto uma expressão que não é minha, esticar com força os músculos da minha face e rir um riso inquieto, que significa tanto e não é nada.
E escrevo, escrevo, escrevo... Quando eu morrer juntar-se-ão todas as coisas e vão fazer um livro. Um livro de que? Não, isso não, não dá pra fazer um livro que não tem história. Com a humildade e que ainda resta a mim, e não eu, não quero nem que saibam que escrevi isso, porque eu sou orgulhosa demais pra admitir que seja fracassada.


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