Obscuro entre as nuvens

Era assim que tudo parecia naquela manhã de inverno fria que mais parecia noite, as nuvens cinza chumbo escondiam o sol, só uma meia luz banhava as folhas cobertas do orvalho da madrugada. Podia sentir na pele o toque do ar frio por debaixo das roupas, mas decidi sair...
Fui ao jardim, sentei-me e comecei a pensar e rever, rearranjar os pensamentos. Vi que por trás daquelas nuvens cinza estavam meus olhos, vendados, nada chegava até eles, só eu mesma. Nada me alcançava, me vi sozinha.
Aquelas nuvens era eu, meu íntimo exposto, era tudo que guardava no peito. Uma vontade de simplesmente apagar alguma parte ruim. Mas eu não pude; não me permiti, pois até o que eu escondia de forma irônica era eu, fazia parte da minha história, da minha mente, da minha alma.
Tudo que foi obscurecido era na verdade minha força, era de onde eu tirava uma nova pessoa todo dia, era a parte que só eu sabia, só eu conhecia, mas que nem eu podia controlar...As vezes acordava amarga, em cólera outrora nem lembrava-me disso e já era outra, um personagem, diferente e tão igual.
O que era obscuro entre as nuvens era o que tinha de ser achado, era o que precisava encontrar-se, oculto. Se um dia eu vou enxergar o céu de outra forma? Um dia eu descubro!


*Viajei mesmo, adoro!

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