Acordei, acordei e olhei-me no espelho. O que era aquilo? Eu não dormi com aquela cara, ou será que dormi? Olhos inchados, para que? Seria porque...Porque chorei, adormeci chorando, e não, não foi por ninguém, não por paixão, nem porque quem eu amava foi embora, foi exatamente ao contrário disso. Foi porque eu queria estar sofrendo de dor de cotovelo, porque eu queria ter um amor impossível, uma paixão platônica, queria ter por quem chorar além de mim mesma.
A vida engoliu minha essência e eu chorei porque eu queria que ela vomitasse de volta para mim tudo que eu fui. Sofrer dói muito, sim, mas não ter sofrimento algum dói ainda mais. Problemas existem, alguns mais fáceis de resolver, outros nem tanto, mas eu falo de amor, de paixão, falo de vida e de alma, de sentir... De toque...
Não fiquei oca, eu sinto, sinto tanto que sei que agora não sinto nada, e não sentir nada é o mesmo que fincar uma estrela de mil pontas no peito e deixar que sua vida se despedace. Que junto com o sangue vá... E quem sabe aí alguma esperança floresça do sangue brotando em minha boca e aí eu comece a sentir... Tenho que morrer pra sentir, morrer e nascer pra continuar sentindo.
Quero mais é ser. Quero a agonia de acordar sem saber nada, de dormir achando que sei, quero a surpresa, o choro por amor, o riso da alegria, quero sarcasmo de quem me depreza, quero a vida como ela é...a comédia, a paixão, quero querer.

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